Uma Visão Geral da História da Igreja
18/05/2012 07:14
UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA DA IGREJA
Embora seja, em certa medida, artificial e errado quebrar a história da igreja Cristã em distintos períodos ou épocas, é, todavia, uma ferramenta útil para visualizar o desenvolvimento da vida da igreja nos dois milênios passados. A maioria dos historiadores da igreja reconhece três períodos gerais:
I. Cristianismo Patrístico - 95 d.c. a 590 d.C.
(Assim chamado por causa da influência dominante, tanto sobre a vida como sobre o pensamento, dos Pais da Igreja)
II. Cristianismo Medieval – 590 d.c. a 1517 d.C.
(Este período foi chamado primeiramente de Idade Média por Christopher Keller [1634-80])
III. Cristianismo Moderno - 1517 d.c. até o presente
(O grande momento decisivo na história da igreja foi a Reforma Protestante, inaugurada por Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517)
É útil subdividir cada um destes períodos gerais em fases mais descritivas:
I. Cristianismo Patrístico - 95 d.c. a 590 d.C.
A Idade das Apologéticas – este período data desde 95 d.c., geralmente considerado como o ano quando o último livro do cânon do Novo Testamento (Apocalipse) foi escrito, até 325 d.c. e o Concílio de Nicéia. Alguns preferem 312 d.c., o ano em que Constantino se converteu ao Cristianismo. O Edito de Milão, em 313 d.c., pôs fim efetivamente à perseguição da igreja como um movimento minoritário e concedeu-lhe um status legal pleno, para ser igualmente tolerada com todas as outras religiões. Durante este período, a igreja se esforçou para se defender contra as ameaças do paganismo, tanto politicamente como teologicamente.
A Idade das Polêmicas – de 325 d.c. até o aparecimento de Gregório (o último dos Pais da Igreja e o primeiro dos verdadeiros Papas), em 590 dc. Seguindo a conversão de Constantino, a igreja “se moveu rapidamente da solidão das catacumbas ao prestígio dos palácios” (Shelley). Com o poder do Estado ao seu favor, a igreja começou a exercer sua influência moral sobre a sociedade como um todo. Com prestígio e influência política, contudo, veio também à corrupção interna. O Monasticismo emergiu em protesto desta secularização da fé. Em 392, o imperador Teodósio I estabeleceu o Cristianismo como a única religião legal do Império Romano. Foi durante este período também que as maiores controvérsias doutrinárias foram travas e resolvidas em concílios teológicos sancionados pelo Estado.
II. Cristianismo Medieval – 590 d.C. a 1517 d.C.
A Idade da Hierarquia Papal ¬ desde Gregório o Grande (590) até a divisão entre Oriente e Ocidente (1054), ou até Gregório VII (1073). A principal característica desta época, freqüentemente referida (talvez sem justificação) como Idade das Trevas, foi o estabelecimento e solidificação do poder da hierarquia papal Católica Romana.
A Idade do Escolasticismo ou Sistematização - de 1054/1073 até o começo da Reforma Protestante em 1517. Durante este período, a doutrina cristã foi totalmente sistematizada através da filosofia e teologia dos sacerdotes, tais como Anselmo (1033-1109), Peter Abelard (1142), Hugo de São Vítor, Peter Lombard, Alberto o Grande, Duns Scotus, alcançando seu zênite na obra monumental de São Tomás de Aquino (1225-74), cuja teologia (chamada Tomismo) foi declarada eternamente válida para o Catolicismo em 1879.
[Foi também durante este período que a igreja Oriental se dividiu da Romana (1054)]
III. Cristianismo Moderno - 1517 d.C. até o presente
A Idade da Reforma Protestante e do Confissionalismo Polêmico – da postagem de Martinho Lutero das 95 teses (1517) até a Paz de Westphalia (1648-50). Este período testemunhou o triunfo da Reforma Protestante na Europa (com o florescimento das quatro maiores tradições do Protestantismo antigo: Luterana, Reformada, Anabatista e Anglicana), bem como a reação de Roma na Contra-Reforma Católica e a influência dos Jesuítas. O século XVII foi caracterizado pelo desenvolvimento do escolasticismo e da ortodoxia credal. Movimentos reacionários e reavivalistas emergiram nos últimos estágios deste período, parcialmente em oposição à aparente estagnação que se estabeleceu no meio de muito do Protestantismo.
A Idade do Racionalismo e do Reavivamento ¬– de 1650 à Revolução Francesa (1789). Também conhecida como a Idade da Razão, visto que a ciência substituiu a crença no sobrenatural, à medida que a igreja ficou debaixo da influência poderosa do Iluminismo (no qual a razão era estimada acima da revelação). Os grandes movimentos de reavivamento na Inglaterra (os Wesleys) e na América (Edwards e Whitefield) foram a melhor defesa da igreja contra a invasão do humanismo.
c. A Idade do Progresso – de 1789 até a Primeira Guerra Mundial (1914). Os primeiros anos deste período foram caracterizados pela reviravolta política (as Revoluções Americana [1776] e Francesa [1789]) e pela transformação social (a Revolução Industrial). A emersão da alta crítica Alemã e a publicação da Origem das Espécies de Darwin ativou uma filosofia que ameaçava minar os fundamentos da ortodoxia. Foi durante os últimos estágios deste período que vemos a emersão do que é conhecido como um liberalismo teológico moderno.
A Idade das Ideologias – de 1914 (Primeira Guerra Mundial) até os dias de hoje. Durante este período a pletora de novos deuses se levantou para competir pela fidelidade da mente secular. Comunismo, Nazismo, Facismo, liberalismo teológico (que foi desafiado pela reação da neo-ortodoxia Bartiniana), socialismo, ecumenismo, individualismo, humanismo estão entre as ideologias mais competitivas. A igreja respondeu a este assim chamado modernismo com os seus próprios ismos, Fundamentalismo, e finalmente o mais intelectualmente sofisticado e culturalmente engajado Evangelicalismo. Outros desenvolvimentos dignos de nota foram o Denominacionalismo e o movimento Pentecostal/Carismático.
Fonte: Artigo de Sam Storms, traduzido por Felipe Sabino, extraído do site Monergismo.com